MARROCOS: SENSAÇÃO E EXPERIÊNCIA

Um lugar onde sentir é muito mais forte do que ver. Impossível descrever ou entender o Marrocos falando de seus monumentos ou vendo fotografias do local.

Visitei o país em 2006 e não existia muita informação turística do destino naquela época, então arrisquei. Ao invés de ficar nos hotéis grandes ou de redes internacionais, escolhi ficar em um hotel dentro da Medina de Marrakech, que é a antiga cidade fortificada. Essa foi uma experiência que me contou muito sobre o dia a dia dos Marroquinos. 

 Ao atravessar os arcos árabes da cidade murada, você se depara com um outro mundo. Todo tipo de comércio, muitas vezes com condições de higiene precárias ficam dispostos lado a lado nas ruas que são apertadas e labirínticas.

Motos, carros, bicicletas e burros se embaralham e o barulho de buzinas se misturam aos gritos de crianças que brincam no meio de tudo aquilo. Uma confusão que você observa e vê que, mesmo sem regras claras, de alguma forma se resolve.

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Chegando perto do hotel, a sensação de mistério foi se intensificando. No meio de toda aquela loucura descrita acima, o que eu via eram fachadas, todas muito similares, sem o menor luxo. A do meu hotel era apenas uma porta toda tacheada e um pedaço de muro na cor e textura padrão de toda cidade. O mesmo padrão do vizinho barbeiro, da loja de especiarias ou do açougue ao lado.

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Assustei! Mas quando a porta se abriu, surgiu um oásis de paz. Você entra por um corredor que te leva a um grande pátio com muita vegetação. Uma fonte de mármore forrada de flores te convida para tomar o tradicional chá de boas vindas, pois como todo povo de deserto, eles também valorizam muito a água. Fechou a porta o silêncio e a harmonia predominaram.

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Os hotéis dessa região histórica nada mais são do que palácios que foram antigas moradias de famílias locais, conhecidos com riads. Ficando alguns dias você percebe o quanto eles buscam o intimismo nos seus pátios, projetados para ter a paz como um contraponto à agitação da vida deles na cidade. Eles trazem a água, as plantas a alegria das cores para dentro de suas casas. 

O Marroquino é um povo que realmente valoriza os espaços ao ar livre, usando muito para relaxamento e descontração. Uma possibilidade incrível para quem sofre por não ter muita chuva durante o ano. 

 E que criatividade eles tem para desenhar suas pérgolas. Eles filtram a radiação do sol e fazem desenhos lindos parecendo mesmo uma brincadeira de luz e sombra.

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E os espaços ao ar livre são explorados de forma descontraída. É muito comum ver velas e lanternas espalhadas por todos os cantos, mas não que precisem se aquecer, pois o fogo é muito usado como recurso de iluminação. Tem luz mais gostosa e aconchegante?!

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Um dos jantares mais incríveis de toda minha vida até agora foi em um jardim de cactos ao lado das montanhas do Atlas, em Marrakech. Um espaço com decoração despojada, todo iluminado com velas, tocheiros e fogueiras. 

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A sensação de liberdade e prazer de estar ao ar livre, embaixo daquele céu estrelado, rodeada pela vegetação do deserto e pela luz mais linda que existe, foi indescritível!

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Se tem um lugar onde encontrei tudo o que valorizo junto e misturado, esse lugar é o Marrocos.

Muitas cores, aromas e texturas, artesanato de todos os tipos, autenticidade no seu povo, água e fogo, como ritual para equilibrar os sentidos. Muita interação com pátios e ambientes ao ar livre, valorização da luz do sol e das estrelas, e principalmente, a manutenção de tradições de uma cultura antiga e extremamente fascinante.

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Além de tudo isso, foi lá que entendi que de uma maneira ou de outra, todos os povos criam suas formas para encontrar o equilíbrio: o caos e o excesso de informação das cidades se harmoniza com a paz dos pátios, tendas e pérgulas das moradias de seu povo.

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A arquitetura marroquina me encantou muito pelo fato de ser extremamente autêntica e diversificada, sem muitas regras. 

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A influência islâmica e moura é evidente, mas eles impõe sua própria identidade com um charme único em todas as suas diversificadas formas de arquitetura.

As sensações e experiências são criadas através da valorização dos espaços, onde eles  exploram todas as possibilidades que o clima, relevo, situação política, geográfica e histórica permitem. Realmente Admirável!!

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